terça-feira, 21 de junho de 2011

Os lábios não são de Monalisa





Quando visitava a casa de minha avó, entrava em seu quarto e gostava de remexer suas coisas, às escondidas. Enquanto ela estava nos afazeres domésticos de uma casa sertaneja, revirava, dava voltas, eita menino buliçoso! Mas o que mais me espantava e causava curiosidade era um quadro de uma santa que ficava sempre à beira de sua rede e pregado na parede há milênios. Era uma santa muito galante, como diziam. A face da santa não dizia o que realmente era, e ficava imaginando se era riso ou ciso ou séria, de tão enigmática que era. Parecia que naqueles dias que não fazia coisas certas, ela ficava de cara fechada. Tenho certeza que nem Monalisa é tão digna de mistério como as santas do altar de minha avó e os semblantes de seus santos. 

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